Vozes 2021

O Festival de Teatro Nova Cena é dedicado aos estudantes de teatro. Neste espaço você encontrará alguns ensaios que foram escritos para de alguma maneira, ainda que brevemente, registrar impressões, debates sobre a experiência da pedagogia do teatro, ora por nossos palestrantes e entrevistados, ora pelas diretoras/professoras e diretores/professores que orientaram os espetáculos da programação e são partícipes do 1º Seminário Pedagogia do Teatro: por onde andamos?

Vozes dos Palestrantes

Aqui estão especificamente os ensaios da palestrante Sabrina Moura (Cia Carona) e dos palestrantes Robson Benta (Arte para todos) e Vicente Concílio (UDESC). São abordagens da pedagogia do teatro que dizem respeito aos espaços não formais, inclusão e mulheres em privação de liberdade.

PRÁTICAS ARTÍSTICO-PEDAGÓGICAS EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS: O MICROCOSMO DA CARONA ESCOLA DE TEATRO COMO POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES
Autoria: Sabrina Moura

Os desdobramentos tecidos em torno do ensino do teatro em espaços não formais partem do microcosmo da Carona Escola de Teatro, situada na cidade de Blumenau, Santa Catarina, dentro das instalações da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes (Teatro Carlos Gomes). A Escola, fundada no ano de 2004, é fruto de uma parceria entre a Cia Carona de Teatro  e o Teatro Carlos Gomes . Desde o princípio, o curso caracterizou-se como um Curso Livre de Teatro, com um encontro semanal, que inclui a montagem de um espetáculo, apresentado na Mostra Carona de Teatro. As turmas dividem-se entre crianças, adolescentes e adultas/os, com e sem experiência teatral, em grupos de até 15 estudantes.

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FAZENDO ARTE: UM OLHAR SOBRE O MÉTODO “ARTE PARA TODOS”
Autoria: Robson Benta

Nosso jeito de fazer teatro, de compartilhar teatro, é impulsionado pelo olhar. A partir dessa prática, nasce uma pedagogia de ensino de teatro que só faz olhar para os alunos com algum tipo de deficiência da mesma forma que olhamos os outros alunos, e, assim, atender às demandas na realização das atividades da mesma forma que fazemos nas turmas com alunos típicos (sem deficiência).

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POR QUE INSISTIR NAS ARTES VIVAS EM ESPAÇOS DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE?
Autoria: Vicente Concilio

É cada vez mais comum nos referirmos às artes cênicas como “artes vivas”. Isso porque o teatro, a dança e a performance, enfim, as artes cênicas, fundamentam-se como linguagem artística a partir da noção de presença compartilhada: artistas e espectadores dividem um mesmo espaço e um mesmo período de tempo no momento em que a obra é realizada, quer dizer, “ao vivo”.

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Vozes do Seminário: Pedagogia Teatro: Por Onde Andamos?

Este espaço vislumbra demarcar um território de registro dos temas dialogados no seminário. São ensaios e ou atravessamentos vividos, que permeiam os percursos das experiências da pedagogia do teatro presentes nesta 1ª edição do Festival de Teatro Nova Cena.

SOMOS TODOS APRENDIZES: UM OLHAR SOBRE A PEDAGOGIA DO TEATRO
Autoria: Eduardo Brasil

Neste ensaio, propomos uma breve reflexão sobre a ideia do aluno aprendiz e do professor aprendiz, que não foi inaugurada por nós, mas é fruto da leitura dos artigos presentes no livro Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade, de Eduardo Passos, Virgínia Kastrup e Liliana Escóssia (2014). Propomos pensar também sobre os espaços que construímos e ocupamos como professores artistas, territórios de compartilhamento de experiências poéticas. As reflexões que apresentamos aqui se apoiam na experiência construída nos 17 anos de atividades do Curso Livre de Teatro, realizado no Barracão Teatro, em Campinas, no Estado de São Paulo.

SUA ALTEZA DIVINHA EM: HISTÓRIAS DE CRIANÇAS
Autoria: Edilene Rodriguez, Camila Wandscher, Isabela Cassimiro e Kayra Ribas

Essa epígrafe foi retirada de uma roda de conversa realizada com crianças de 6 a 13 anos de idade, da Turma I (quarta-feira e sábado), do polo Centro Cultural, oriundos da Escola Municipal de Teatro de Primavera do Leste – Mato Grosso, em 2020. Na conversa, ao ser perguntado “O que é Infância? E o que é fazer teatro?”, o aluno Lucas respondeu prontamente que, para ele, era ganhar uma festa de aniversário. “Uma festa de brincadeiras, de momentos livres para criar, se divertir, inventar e imaginar”.

DA NECESSIDADE DE ATRAVESSARMOS PAREDES
Autoria Pépe Sedrez

Este breve ensaio tem por intuito apresentar uma experiência vivenciada no Curso Livre da Carona Escola de Teatro , geradora não só de um espetáculo apresentado na Mostra Carona , mas que, sobretudo, gerou uma nova grupalidade. Munidas/os do desejo de investigar algo menos calcado em palavras, mas, sim, nos corpos das/os estudantes, atrizes/atores, em relação ao espaço, partindo de exercícios inspirados na técnica de Viewpoints, criamos fragmentos de cenas mais pictóricos, que fossem extremamente compactos, capazes de imprimir no corpo a potência de um haikai, ou melhor, de um ideograma. Passamos então a criar incontáveis ideogramas corpóreo-espaciais

AS DISSIDÊNCIAS DO CERRADO – O TEATRO PARAADOLESCENTES E POR ADOLESCENTES NO INTERIOR DE MATO GROSSO
Autoria: Wanderson Lana

Uma ligação no meio da tarde, em uma terça-feira, trazia uma voz trêmula, pesarosa e incrivelmente triste. Tratava-se de uma atriz, 16 anos, que disse sem vacilar: “Professor, eu quero morrer, eu não sirvo para nada mesmo”. A ligação estendeu-se por meio de elogios e de como havia tanto a ser vivido ainda… Sobre dias longos e difíceis e sobre não ter problema em falhar, em perder, em não conseguir. Palavras de aconchego e de incentivo…

O PROCESSO CRIATIVO DE “SÓS” – UMA RESPOSTA DO GRUPO DE TEATRO COMUNITÁRIO “O BANDO” A UMA REALIDADE CRIATIVA ADVERSA (MAIS UM PROCESSO CRIATIVO PANDÊMICO…)
Autoria: André Francisco

Desde de 2015, refletimos na Casa Vermelha que era necessário um processo que 1 estabelecesse continuidade ao nosso curso de Montagem Teatral. Eu, que sempre coordenei, na Casa Vermelha, as turmas de Montagem, assistia à triste realidade de ver trabalhos realmente muito bons esgotarem suas possibilidades na curta temporada de encerramento (às vezes uma só apresentação, geralmente em meio às correrias de dezembro – uma estreia que muitas vezes tinha o ar de despedida). Dessa maneira, a questão da continuidade para os trabalhos, construídos pelos chamados grupos amadores, nos processos que eu tinha a oportunidade de conduzir, sempre me inquietou muito…

PEDAGOGIA DO TEATRO: BREVE RELATO SOBRE A PRÁXIS DO PORTO CÊNICO
Autoria: Valéria de Oliveira

Quando o Grupo Porto Cênico completou um ano em março de 2005, começamos a elaborar projetos de oficinas de teatro. Permitimo-nos a fazer isso porque, na época, as pessoas que formavam o Grupo já tinham uma experiência considerável com teatro (cerca de 8 ou 10 anos) e eu já tinha uma carreira de 15 anos. Eu também já havia terminado meu Mestrado em Teatro na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em 2004, e desejava estruturar um grupo que habitasse alguns diferenciais de tudo que eu já havia vivido em quatro Grupos diferentes que participei aqui na minha cidade, Itajaí.